Enquanto no início do século XX as camadas mais abastadas da população brasileira dormiam em camas de ferro importadas da Inglaterra, ou em móveis de extremo luxo, com muitos ornamentos, geralmente fabricados sob encomenda, as classes mais simples possuíam as chamadas camas de campanha ou as redes para dormir.
Ainda no início do século o mundo vivia um período pós-guerra, o que dificultava a importação de produtos como os móveis da Europa.
É dentro desse contexto que Celso Martinez Carrera, um espanhol radicado no Brasil apresenta, em
A cama patente é quase uma adaptação das camas de ferro, mas produzida em madeira torneada, o que a faz lembrar os famosos móveis criados por Michel Thonet (1796 – 1871). Sua simplicidade formal, aliadas a funcionalidade e facilidade de produção e de montagem, possibilitaram a sua produção em série, com preços reduzidos.
Composta por um conjunto de 3 elementos distintos – cabeceira, peseira e estrado – é fácil perceber o motivo de seu rápido sucesso. Na cabeceira e na peseira, as almofadas que decoravam as camas tradicionais foram totalmente eliminadas, dando lugar a apenas um arco de madeira vergada. Os parafusos e encaixes foram substituídos por alças e contrapinos que agilizam a montagem. Já no estrado, molas de tensão e ganchos especiais impedem deformações e aumentam a elasticidade.
Ao longo dos anos, a Cama Patente evoluiu, ganhando novas versões, inclusive mais ornamentadas e almofadadas, perdendo a simplicidade do projeto original. Mas as versões mais simples da cama tornaram-se um grande sucesso em todo o Brasil, sendo vendidas nas principais lojas de departamento da época, como Mappin e Mesbla.
Celso Carrera não teve o cuidado de patentear sua invenção, a qual acabou sendo patenteada por um imigrante italiano, Luigi Liscio (1884 – 1974). Devido a essa patente, Carrera foi obrigado a deixar de fabricar a Cama Patente, que ele mesmo inventara.
Após constituir-se em um item básico do mobiliário brasileiro, a fábrica das Camas Patente funcionou
Um abraço e até o próximo post!